segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Identidades Móveis no Espaço Cultural do Banco da Amazônia



No lugar do outro

“...Só é interessante o pensamento enquanto potência de alteridade”

Eduardo Viveiros de Castro

O projeto Identidades Móveis, de Bruno Cantuária e Ricardo Macêdo irá discutir a questão do sujeito por meio da performance. Tomando como ponto de partida a fragmentação do sujeito contemporâneo - imerso nas mídias sociais e nos diversos papéis que este assume ao longo de sua existência -, a dupla de artistas elaborou uma proposição em que se dispõe a mergulhar na vida do outro, viver como este outro, mesmo que por um curto espaço de tempo, apreendê-lo, sorvê-lo no que for possível.

Mais do que uma mera reprodução das atividades cotidianas dos sujeitos pesquisados, Cantuária e Macêdo constituem um projeto em que viver o dia-a-dia do outro é um processo de entender esse sujeito como deflagrador de experiências únicas. Daí, a dupla elencar, dentro de um circulo de interação, com maior ou menor convivência, o indivíduo a ser tomado, apreendido, vivido.

Os procedimentos performativos de Cantuária e Macêdo são direcionados à imagem. Quando um deles está vivendo alguma outra existência, é o parceiro quem irá capturar, em fotografias e vídeo, o transcurso do tempo, as múltiplas ações diárias desenvolvidas. Na maior parte desse período, aquele que está performando está tão absorto na atividade que nem percebe a captura. Em outros momentos, a fotografia se apresenta como documento, retrato do cotidiano do indivíduo. Mesmo aí, Cantuária e Macêdo não estão interpretando os sujeitos, eles são os sujeitos, imersos no modo de vida, comportamentos corporais, objetos, vestuário, atos vividos na ação de ser o outro. Não é uma mimesis para a imagem, mas uma absorção de um conjunto de saberes que os põe no lugar do outro e é registrada na forma de imagem. Fixa e em movimento, é o resquício da experiência, mas também sua existência. Não são performances orientadas para fotografia e vídeo, mas performances enquanto imagem.

A dupla se propõe a apreender e captar o outro, sabendo que não serão os mesmos depois dessa experiência, porque não estão vivendo “personagens”, mas algo distinto de si mesmos. E, na possibilidade da diferença é que o trabalho se estabelece, no mergulho naquilo que é estranho, diverso, porém não distante. Nesse espaço vago, instável, arriscado no qual os artistas se colocam na posição do outro é que está a potência desta proposição, no deglutir o outro, olhar para a alteridade e encontrar um território possível.

Orlando Maneschy

"IDENTIDADES MÓVEIS"
Bruno Cantuária e Ricardo Macedo
Curadoria: Orlando Maneschy

Abertura: 08/11/2010 às 19h
(Segunda-feira)
Visitação:
De 09 de novembro a 14 de dezembro de 2010.
(Segunda a Sexta de 10h às 17h)
Espaço Cultural Banco da Amazônia
Av. Presidente Vargas,800-Térreo
Cep: 66017-901-Belém-Pa
Fone: 4008-3334

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Claudia Andujar faz palestra em sua sala especial no Goeldi


Um dos momentos mais importantes do Arte Pará 2010 ocorrerá nesta terça-feira, 12 de outubro, às 16h no prédio da Rocinha, no Museu Paraense Emilio Goeldi. Lá, pela primeira vez em Belém, a fotógrafa Claudia Andujar falará sobre sua produção, destacando o trabalho realizado junto ao povo Yanomami, etnia que Andujar travou contato na década de 1970 e que ajudou, por meio de uma longa luta, no processo de demarcação das terras que viriam a se tornar a reserva Yanomami.
Convidada do 29° Arte Pará, Andujar tem uma sala especial na mostra que aborda distintas relações estabelecidas entre o homem branco e os povos da floresta. Igualmente Diferentes conta ainda com Armando Queiroz, artista homenageado neste ano e Roberto Evangelista, além de objetos da própria cultura Yanomami que poderão ser vistos.
Claudia Andujar em sua palestra, às 16 horas, apresenta as relações de alteridade, fruto de sua integração com os índios desta etnia, a partir do estabelecimento de confiança e respeito. Partindo de fotografias da série “Sonhos”, em que a artista interpreta o universo comsmogônico desse povo, traduzindo isto em imagens de beleza ímpar, que poderão ser vistas ao longo da palestra, já que a mesma ocorrerá dentro da própria exposição, a artista esplanará, com seu fortíssimo senso ético, sobre seus processos e a luta pelo direito à vida desse povo, exposto a toda sorte de doenças do homem branco, além de ser vitima da exploração de suas terras. Assistir a essa palestra, na primeira exposição que a artista faz na Amazônia é um momento único e de significativa importância, já que nos revela processos de mergulho no universo do outro, o que gerou obras de marcante posição política.

SERVIÇO:
Palestra com Claudia Andujar
Prédio da Rocinha / Museu Paraense Emilio Goeldi
Av. MAgalhães Barata - Belém
Terça-feira, dia 12, 16h.
ENTREADA FRANCA pela lateral do MPEG

sábado, 25 de setembro de 2010

Babado na Bienal - picho LIBERTE OS URUBUS gera corre-corre no pavilhão



Arte, política e polícia foi o que se viu hoje no final da tarde no Pavilhão da Fundação Bienal de São Paulo. Um pichador juntou-se ao protestos dos ambientalistas pró-libertação dos urubus presentes na obra de Nuno Ramos, entrou no espaço do viveiro e pichou "Liberte os Urubu". Não conseguiu finalizar a frase. Foi um corre-corre total, seguranças, bombeiros, polícia atônita sem saber o que fazer, diante do público que se manifestava em favor dos animais e do pichador. Muito corre-corre nas rampas e a polícia "prendendo" o rapaz.
Depois, num movimento de tensão total os seguranças e a polícia foram "convidando" o público a se retirar. Tensão, certa truculência e uma sensação de que, para um evento que se pretende discutir política, o que viu na 29a Bienal de São Paulo hoje estava longe de ser uma busca de diálogo e troca, ou seja, de ação política. O que se viu foi intolerância e exercício de poder de forma dura. Pareciam os anos de chumbo...
Críticos, curadores, artistas e público com uma sensação estranha e amarga na boca. O grupo de policiais vindo, em formação para nos convidar a sair foi algo, no mínimo, assustador.
Se desejarmos realmente pensar a arte e suas relações políticas, é preciso de maturidade e convicção para isso, senão, dá nisso.
Veja as imagens, que dizem muito...







PARA SABER MAIS sobre a 29 BIENAL e todo esse debate...>>>
http://www.stj.myclipp.inf.br/default.asp?smenu=noticias&dtlh=164481&iABA=Not%EDcias&exp=

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

JÁ! Emergências Contemporâneas será lançado sexta, 03, na Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém


Orlando Maneschy e Ana Paula Felicíssimo convidam você para o lançamento do livro JÁ!Emergências Contemporâneas nesta sexta-feira, 03, às 18h, no Estande da Editora da Universidade Federal do Pará, na XIV Feira Pan-Amazônica do Livro, no Hangar - Centro de Convenções da Amazônia, Belém, Pará.

terça-feira, 17 de agosto de 2010


















Carta do farol do fim do mundo


Este texto seria um segredo. Segredo do tipo que você guarda perto do coração, traz no corpo, pensamento, entranhas. Prometi não ser emocional, não falar de vinculações, relacionamentos, sentimentos.

Há um tempo que só pode ser contabilizado internamente e que marca a impregnação daquilo que nos cinde a alma. E são essas as coisas que nos trouxeram aqui, neste momento, em que tantas memórias foram acionadas, neste projeto mínimo, múltiplo e incomum.

Conflitos, medo, dor, paixão, saudade. Sentimentos variados se fazem presentes, entre palavras e desenhos em que diminutos personagens exalam solidão, que por vezes se manifesta em objetos colecionados, vestígios de uma existência. Muitas obras de Keyla Sobral materializam a presença de uma ausência. E neste projeto é a resiliência que vem movendo a artista a organizar poeticamente as dificuldades das relações no mundo contemporâneo.

Impossível manter uma distância segura desses desenhos para constituir um juízo isento. Não pretendo. Assumo o risco e me coloco ao lado de Keyla, que escancara o coração e deixa à mostra - em desenhos pungentes, impregnados de lirismo e de uma essencialidade quase violenta -, sua sensibilidade diante do incomensurável que é a vida.

Só posso dizer que me junto a ela em tantos momentos de altos e baixos que constituem aquilo que nos confere humanidade, pois somos humanos, demasiadamente, humanos.

PS: Não consegui cumprir minha promessa.

Orlando Maneschy
curador do projeto

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mínimo, múltiplo, incomum





Keyla Sobral faz exposição individual.

Desenhos feito palavras, palavras escritas feito desenho. É assim que se faz a exposição individual “Mínimo. Múltiplo. Incomum”, da artista visual Keyla Sobral, que abre hoje, 17 de agosto, no Museu da UFPA, às 19:00h. E já que “a arte é um modo de reunir afetos”, como diriam Gilles Deleuze e Félix Guatari, Keyla reúne em seus quase trinta desenhos - traçados em nanquim, pastel e tinta -, seus afetos, histórias e muita verdade poética.

Segundo Keyla o desenho é uma constante em seu percurso artístico, “sempre desenhei, mesmo quando trabalho desenvolvendo outros processos artísticos, como web art, o desenho faz parte do processo”. De linhas extremamente sutis, o desenho de Keyla Sobral pode ser comparado tanto com artistas, tanto com poetas, trabalhos onde a formalidade da escrita se dilui quando encontra a linha.

“Keyla expõe, em desenhos delicados e pungentes, sentimentos profundos. Este trabalho traz a tona uma desenhista visceral e sensível que fala das dificuldades de adaptação a velocidade da vida contemporânea, das pequenas alegrias, da solidão, da saudade. Tem a coragem de revelar aquilo que lhe toca.” Afirma o curador da mostra Orlando Maneschy. Para ele, o público irá se identificar com a mostra, pois ela revela “formas de viver, sobreviver as pequenas violências do cotidiano, bem como emoções fortes, como o amor”, complementa.

Para esta exposição a artista diz “faço uma espécie de percurso intimista, revelador,onde trafego entre meus sentimentos e os materializo”. Keyla Sobral iniciou sua carreira artística em 2002, e já participou de exposições no Pará, São Paulo e Alemanha. Também possui vários prêmios em seu currículo, como Menção Honrosa XI Mostra de Arte Primeiros Passos do CCBEU (2003), 2º Grande Prêmio do Salão Arte Pará - 2005; Prêmio Aquisição XI Salão Pequenos Formatos UNAMA (2005), além de ter sido Mapeada pelo projeto RUMOS ITAÚ CULTURAL(2005/2006).

SERVIÇO:

MÍNIMO.MÚLTIPLO.INCOMUM.

Exposição de Keyla Sobral
abertura: 17 de agosto
hora: 19hs
período da exposição: De 17 de agosto a 30 de setembro
Local: Museu da Ufpa
Endereço: Av. José Malcher, 1192 – Nazaré.
Telefone: 32240871